Cerca de 17 funcionários nestas condições são licenciados, mas continuam a receber salários de técnicos médios de terceira categoria, enquanto os contratados recebem salários de técnicos superiores.
Aqueles cidadãos poucas vezes reivindicam por temerem retaliações por parte da directora da instituição e para evitar entrarem para a lista negra, como aconteceu com alguns funcionários que pediram explicações junto da direcção.
Como prova da "má fé" de Maria Ferreira dos Santos Oliveira os funcionários dizem que o seu antecessor já lhes pagava como técnicos superiores, com algumas receitas do instituto, decisão que colheu a concordância da actual directora quando era adjunta, mas ao chegar ao topo da hierarquia da instituição cortou este benefício.
"A forma como se faz o pagamento aos técnicos superiores que estão em regime de contrato também se pode aplicar aos técnicos superiores efectivos. Existem alguns parentes da directora que têm privilégios e estão a ser inseridos em projectos. Ela não pode estar a dar privilégios aos parentes, isso está a criar malestar no interior do INE", denunciou um funcionário, com desânimo no rosto.
Os funcionários, que pediram anonimato ao Novo Jornal, dizem que têm famílias para sustentar. O salário que auferem não compensa "nem um pouco", ainda mais em Angola, "onde os preços dos produtos de primeira necessidade são caros".
"Senhor jornalista, aqui muita coisa não anda bem. Isto de cortarem os nossos salários passou pelo conselho de direcção e pelo que eu saiba o conselho de direcção está acima da directora. Existem questões que ela não decide sozinha para o director não monopolizar", exclamou um funcionário.
O conselho de direcção foi "contra o corte dos salários dos técnicos que já tinham terminado, não aprovou, mas a directora por si só cortou", afirmou outro trabalhador notando que quem quase sustenta a sua casa é a mulher.
Um dos factos que também tem preocupado os funcionários é que dentro em breve saber-se-á o resultado de um concurso público no INE para ingresso de novos quadros e promoção de categorias aos funcionários já efectivos, aberto em Março. Normalmente quem faz o recrutamento do pessoal é a direcção dos recursos humanos, mas no INE quem fez foi o gabinete da directora, que depois de tanta confusão, transferiu a entrega de documentos para a sala da secretária do seu adjunto. Os efectivos temem, pois, que a directora influencie no concurso público, já que muitos dos seus parentes estão em regime de contrato.
"Anteriormente, os motoristas tinham o salário de 16 mil kwanzas, mas neste momento estamos no mesmo patamar com o mesmo salário, 26 mil, onde é que estamos afinal de contas?", questiona um empregado.
Na tentativa de ouvir a directora do Instituto Nacional de Estatísticas, foi feito um pedido de audiência por escrito a Maria Ferreira dos Santos Oliveira, que recusou falar, remetendo os esclarecimentos para o Ministério do Planeamento, que tutela o organismo, e para o Decreto-Lei número 32 de 28 de Julho de 2000, o artigo 42, depois de confirmar que foi aberto um concurso público para "admissão de 53 técnicos de diversas categorias, conforme anúncio publicado no Jornal de Angola do dia 22 de Março do corrente ano".
Só que o decreto-lei nada esclarece quanto às questões levantadas pelos técnicos superiores, uma vez que, no ponto 42, se limita a dizer que "o pessoal do quadro do Instituto Nacional de Estatísticas (INE) fica sujeito ao regime jurídico da função pública para efeitos de provimento e disciplina".
Sem comentários:
Enviar um comentário