Cairo (11.02) - Um dia após anunciar o "fico" em pronunciamento à TV estatal, o presidente do Egipto, Hosni Mubark, renunciou ao cargo nesta sexta-feira. Ele estava havia 30 anos no cargo. A renúncia foi anunciada pelo vice-presidente Omar Suleiman, que também deixou o governo.
O governo será exercido por um conselho das Forças Armadas. Segundo uma fonte da Agência Reuters, o ministro da Defesa, Mohamed Hussein Tantawi, vai chefiar o Conselho Militar. De acordo com a rede de televisão Al Arabiya, Conselho Militar vai demitir o gabinete e suspender as duas casas do Parlamento. A TV acrescentou que o Conselho Militar vai administrar o país com o chefe da Suprema Corte Constitucional.
Mubarak tentava uma saída honrosa, mas não resistiu à pressão da população, há mais de duas semanas aglomerada na praça Tahir, no Cairo, e em diversas outras cidades do país. Relatos dão conta de que 14 milhões de egípcios saíram às ruas nesta sexta-feira exigindo a renúncia de Mubarak.
Curiosidades sobre Mubarak
Logo após o anúncio, os milhares de manifestantes festejaram agitando bandeiras, gritando, rindo e se abraçando. "O povo derrubou o regime", gritava a multidão na Praça Tahrir, de acordo com relato da agência Reuters.
Em pronunciamento na TV, Suleiman disse que o presidente "decidiu deixar o cargo de presidente da República".
O vice acrescentou que Mubarak passou o poder ao Supremo Conselho Militar para administrar a nação durante "as difíceis circunstâncias que o país está atravessando".
Cronologia do conflito
A onda de protestos contra o ditador egípcio Hosni Mubarak no Egipto eclodiu no dia 25 de janeiro. As manifestações que pedem o fim da permanência do líder no poder - que já dura 30 anos - ecoavam os protestos que haviam derrubado o líder da Tunísia duas semanas antes.
Só nos primeiros dois dias de protestos, cerca de 500 manifestantes foram presos. Segundo a ONG Human Rights Watch, 297 pessoas morreram nessas quase três semanas de conflito.
No dia 28, Mubarak demitiu todo o seu gabinete e começou a formar um novo governo. As mudanças não aplacaram os manifestantes, que continuaram a pedir a renúncia do presidente.
No dia primeiro de fevereiro pelo menos um milhão de pessoas foi às ruas, em cenas nunca vistas antes na história moderna do país, exigindo em uníssono a renúncia de Mubarak. Só na cidade do Cairo ao menos 500.000 pessoas concentraram-se na praça central Tahrir para a chamada "marcha do milhão", convocada pela oposição. Em Alexandria, a segunda maior cidade do país, de 400.000 a 500.000 pessoas foram para as ruas neste dia.
Há uma semana, Mubarak disse que gostaria de renunciar, mas que teme o caos no país caso deixe o poder. "Estou cheio. Depois de 62 anos no serviço público, eu tive o suficiente. Quero sair", afirmou à jornalista Christiane Amanpour, da rede norte-americana ABC.
Na última sexta-feira o oposicionista e ganhador do Prêmio Nobel da Paz Mohamed ElBaradei disse que poderia concorrer nas eleições presidenciais do Egipto se o povo assim o pedisse, rejeitando a notícia veiculada por um jornal austríaco de que não disputaria o cargo.
Durante a crise o governo interrompeu o acesso à internet e o sinal de telefones celulares para tentar atrapalhar os planos dos manifestantes.
Com Agência Reuters
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